Realidade Inventada (ou a_corda)
Durante um tempo, escrevi um diário inventado. Era um daqueles cadernos infantis, com páginas coloridas (um punhado de folhas azuis, depois verdes e, por fim, cor-de-rosa) e exalava um enjoativo cheiro doce. Não o escolhera a dedo, apenas o encontrei jogado e o adotei. Como não queria transformá-lo em mais um caderno cheio de confissões e anotações tediosas sobre meu cotidiano, achei que seria interessante inventar um pouco a minha própria realidade. No começo eram fatos reais, com apenas um ou outro detalhe alterado, só para me divertir. Logo se tornou uma confissão sincera de sentimentos que nunca tive. Enquanto vivia um romance morno, escrevia uma vida tórrida de amores diversos sem fim nem começo, apenas meio. Não era, de forma alguma, um diário de frustrações pessoais ou de uma vida que não levava por falta de coragem, mas de vontade. Queria sentir a vida de outros e vivê-la pela minha imaginação, já que pela realidade não seria tão verdadeiro. Talvez seja culpa da minha mente fem