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Mostrando postagens de novembro, 2010

O cupido (ou o ato em vão)

Apesar de ter uma pequena deficiência que não permitia a Pepe acompanhar os meninos de sua idade na escola, meu irmão era bastante inteligente. Fanático por leitura, subia toda tarde até a biblioteca do pai, pegava o livro de mitologia grega e lia e relia até o jantar. Aproximando-se o carnaval, logo anunciou a todos: - Quero ir de cupido. Fácil, o cabelo louro e encaracolado já lhe dava a cara angelical, bastando apenas arrumar um tecido para enrolar no corpo e umas sandálias. Minha avó cuidou de todo o vestuário: comprou o calçado na feira; pegou uma velha cortina branca e, com sua tesoura e máquina, fez um tipo de vestidinho que lembrou bem os tempos antigos. No jantar, Pepe irritou-se: - E as flechas? - Quais flechas? - Do Cupido! Eu não serei o Cupido? Pois bem, ele tem flechas e um arco também! É mesmo, tinha razão. Meu avô, então, foi a uma loja na manhã seguinte e comprou um brinquedo de plástico vagabundo. Na noite de Carnaval, bateram na porta do quarto. Leve seu irmão ao bai