Postagens

Mostrando postagens de abril, 2010

num impulso só (ou tudo o que coube entre os dois tempos)

,seis, sete ; neide, mais uma vez, conte até dez. dezenas de dez eu sugiro que reze um terço e a sua avó ora por ti. ligue para ela e peça alguma lição de vida alguma coisa que ela saiba e você não, apesar de achar que sabe mais que ela por causa da internet. invente alguma coisa. chore porque ela existe e existir te faz chorar ou chore porque um dia ela não estará mais aqui. apenas isso. sorria porque ela tem aquelas mãos que são só dela e que oram e que se acariciam por pena. desse jeito assim: palma com palma e você percebe a textura tão bem. pare de contar até dez, ligue a tevê e procure não pensar no que os outros fazem enquanto você encaixa seu dedo indicador no umbigo teu e tua vontade de chorar ainda persiste. fique calma que em algum momento todo mundo tem desses momentos, aceite isso. sua avó ora por ti e não há espaço para o vácuo. não pra ela. ela se esforça pra não pensar porque só ela telefona. deixa ela discar, apenas deixa. neide, não existe paz, pare de contar e nem pe

Peixe morto (não conte a Ícelo)

Houve um tempo em que era necessário apenas um grito para que eu pudesse ter alguém ao meu lado. Às vezes, ao abrir os olhos, encontrava tudo escuro e sentia o abominável medo começar a comer meu corpo por dentro. Enchia, então, o peito de ar e deixava as lágrimas caírem livres enquanto pela garganta os sons corriam apressados até a porta do quarto de minha mãe. Em segundos as luzes se ascendiam e um abraço quente me calava, afugentando todo aquele monstro que me machucava internamente. Foi a lembrança desses momentos que me fez levantar da cama e ir em direção à janela, já incomodado com presença da insônia e sem saber como expulsá-la de casa a fim de que eu pudesse ter meu merecido descanso. Fazia três dias que eu não conseguia dormir: pensei, de início, estar preocupado demais com a falta de dinheiro nessas épocas de desemprego, mas, posteriormente, concluí que me amedrontava a idéia de não ter ninguém a quem gritar caso meus olhos não vissem mais sinais de luz. Ao aproximar-me,