Postagens

Mostrando postagens de maio, 2010

quase_6_de_misticismo.mp3 (ou poderia ser ao som dessa música)

neide, sossegue a alma recuse a erva recuse a cena recuse o texto. fuja da roubada fuja do esforço fuja dessa cena. aceite sua condição aceite a solidão aceite essa madrugada que ficará por isso mesmo, aceite que não haverá mais cena. mais uma noite mais um esforço mais um não. de novo a mesma condição de novo não, essa mesma situação. mais uma vez a mesma madrugada encerra o esforço encerra o fracasso encerra o dia, tortura, coisas ruins ficam pra sempre. mantendo mantendo mantendo o mesmo jeito. mantendo mantendo mantendo o mesmo jeito de olhar pras mesmas coisas as pequenas coisas. começa assim a se preocupar. começa assim a dar a bochecha ao invés de dar um beijo esperando assim um beijo artesanal feito do jeito que é pra te dar. começa a reparar que quanto mais entrega sua bochecha mais as outras encontram a sua. as bochechas dos cumprimentos diários dos cumprimentos forçados dos cumprimentos sinceros. no cumprimento repara há muito tempo não receber mais beijo algum nenhum sin

Voltando ao fundo (ou o sono eterno de Mítia)

Se eu dissesse que sabia onde estava, mentiria. Não sabia que lugar era aquele e nem como lá fui parar. Ao abrir meus olhos, após profundo sono, me deparei com um teto bege e mofado cobrindo aquele quarto de paredes revestidas com papel vermelho e florido. A aparência vampiresca do local me causou espanto de início, ao ponto de fazer o coração acelerar: ninguém de bom gosto poderia ali habitar. Cortinas grossas balançavam levemente com um vento frio que entrava por uma janela cobrindo toda a parede do céu ao chão e que deixava um cheiro cadavérico perfumar de esgoto o ambiente. Sentindo-me subir a náusea, corri até a vidraça para fechá-la e, só então, com o barulho do choque de um vidro ao outro, é que a epifania veio comigo falar. Segundos foram necessários para que o pânico se esvaísse do peito: encontrava-me só e, apesar da estranheza, aquele cômodo me pertencia. Ninguém tinha me dado o quarto e eu, muito menos, o havia comprado ou alugado. Era meu, apenas isso. Tinha um formato qua