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Mostrando postagens de julho, 2010

elefantes (ou o tamanho de deus)

menos zero -0 o espetáculo dos elefantes havia sido na semana anterior, porém, era dificil de esquecê-los. o cheiro de estrume ainda rondava o ambiente e o vazio que a ausência deles deixava era quase maior que os próprios animais. todos tiveram a oportunidade de vê-los na sala de estar, camuflados na cortina; no banheiro, escondidos na banheira; no quarto, dentro do armário das camisas. em meio a brindes e copos vazios todos sorriam com a alegria e a elegância do olhar triste e desengonçado dos elefantes. havia cor, muita cor, vermelhos intensos, padrões verdes sobre verde, listras azuis-marinho e brancas. e todos tinham acesso a pincéis e tintas. alguns estavam ali para admirar, outros queriam sentir o prazer dos pincéis feitos com pêlos de orelha de boi passando sobre a pele enrugada e cheia de nostalgia dos elefantes. porém, sempre havia aqueles que traziam suas facas de casa e, entre uma conversa e outra, no escuro do ambiente, raspavam pedaços de marfim para depois usarem a metáf

O poeta (ou os efeitos colaterais do amor; ou, ainda, tentando entender a lógica da loucura)

Eu nunca o entendi muito bem. Talvez por isso soubesse, em meu íntimo, que não podia passar idéias suficientemente sérias em sua cabeça para que seus desejos fossem realizados. Tomava minha cerveja vendo o Brasil perder para a Holanda quando a campanhinha tocou. Tinha finalmente um plano. - Plano de que, Ibarra? - Eliza. Finalmente bolei algo para que ela nunca mais me esqueça! Era o amor não correspondido dele. De rosto era linda, mas o corpo magro demais lhe dava um aspecto de tísica. Se conheceram por minha causa: eu namorava uma amiga de infância dela e, por mero acaso, meu carro quebrou no meio da rua num dia em que dava carona a Ibarra. Estávamos perto da casa da minha ex e, como chovia, achei melhor visitá-la enquanto o guincho não vinha. Eliza estava lá e nunca mais saiu do coração de meu amigo, mesmo tendo sido rejeitado três vezes. Esqueça essa Eliza, eu lhe disse irritado com o jogo. - Não, meu velho, isso é impossível! Confie em mim: tenho certeza de que d