elefantes (ou o tamanho de deus)
menos zero -0 o espetáculo dos elefantes havia sido na semana anterior, porém, era dificil de esquecê-los. o cheiro de estrume ainda rondava o ambiente e o vazio que a ausência deles deixava era quase maior que os próprios animais. todos tiveram a oportunidade de vê-los na sala de estar, camuflados na cortina; no banheiro, escondidos na banheira; no quarto, dentro do armário das camisas. em meio a brindes e copos vazios todos sorriam com a alegria e a elegância do olhar triste e desengonçado dos elefantes. havia cor, muita cor, vermelhos intensos, padrões verdes sobre verde, listras azuis-marinho e brancas. e todos tinham acesso a pincéis e tintas. alguns estavam ali para admirar, outros queriam sentir o prazer dos pincéis feitos com pêlos de orelha de boi passando sobre a pele enrugada e cheia de nostalgia dos elefantes. porém, sempre havia aqueles que traziam suas facas de casa e, entre uma conversa e outra, no escuro do ambiente, raspavam pedaços de marfim para depois usarem a metáf