O poeta (ou os efeitos colaterais do amor; ou, ainda, tentando entender a lógica da loucura)
Eu nunca o entendi muito bem. Talvez por isso soubesse, em meu íntimo, que não podia passar idéias suficientemente sérias em sua cabeça para que seus desejos fossem realizados.
Tomava minha cerveja vendo o Brasil perder para a Holanda quando a campanhinha tocou. Tinha finalmente um plano.
- Plano de que, Ibarra?
- Eliza. Finalmente bolei algo para que ela nunca mais me esqueça!
Era o amor não correspondido dele. De rosto era linda, mas o corpo magro demais lhe dava um aspecto de tísica. Se conheceram por minha causa: eu namorava uma amiga de infância dela e, por mero acaso, meu carro quebrou no meio da rua num dia em que dava carona a Ibarra. Estávamos perto da casa da minha ex e, como chovia, achei melhor visitá-la enquanto o guincho não vinha. Eliza estava lá e nunca mais saiu do coração de meu amigo, mesmo tendo sido rejeitado três vezes.
Esqueça essa Eliza, eu lhe disse irritado com o jogo.
- Não, meu velho, isso é impossível! Confie em mim: tenho certeza de que dessa vez eu vou ficar marcado na vida dela.
Saiu sem me explicar o que era tal plano, deixando a porta aberta e passe-livre para minha cachorra escapar.
No outro dia, bem cedo, acordo com um telefonema: Ibarraga escreveu um poema de amor e se enforcou na árvore em frente à sua casa. Eu sabia que por mais que ele pensasse em algo, não daria certo: três dias antes, Eliza se mudou com a irmã para a Itália. Conseguiu cidadania e fez o caminho contrário ao de seus avós em busca de uma vida melhor. Não soube da morte.
Deixo, no entanto, esse texto em homenagem ao seu esforço, Ibarra. Quem sabe um dia Eliza não possa lê-lo e passar, então, a levar mais a sério quando alguém disser aos quatro ventos que morre de amores por ela.
Tomava minha cerveja vendo o Brasil perder para a Holanda quando a campanhinha tocou. Tinha finalmente um plano.
- Plano de que, Ibarra?
- Eliza. Finalmente bolei algo para que ela nunca mais me esqueça!
Era o amor não correspondido dele. De rosto era linda, mas o corpo magro demais lhe dava um aspecto de tísica. Se conheceram por minha causa: eu namorava uma amiga de infância dela e, por mero acaso, meu carro quebrou no meio da rua num dia em que dava carona a Ibarra. Estávamos perto da casa da minha ex e, como chovia, achei melhor visitá-la enquanto o guincho não vinha. Eliza estava lá e nunca mais saiu do coração de meu amigo, mesmo tendo sido rejeitado três vezes.
Esqueça essa Eliza, eu lhe disse irritado com o jogo.
- Não, meu velho, isso é impossível! Confie em mim: tenho certeza de que dessa vez eu vou ficar marcado na vida dela.
Saiu sem me explicar o que era tal plano, deixando a porta aberta e passe-livre para minha cachorra escapar.
No outro dia, bem cedo, acordo com um telefonema: Ibarraga escreveu um poema de amor e se enforcou na árvore em frente à sua casa. Eu sabia que por mais que ele pensasse em algo, não daria certo: três dias antes, Eliza se mudou com a irmã para a Itália. Conseguiu cidadania e fez o caminho contrário ao de seus avós em busca de uma vida melhor. Não soube da morte.
Deixo, no entanto, esse texto em homenagem ao seu esforço, Ibarra. Quem sabe um dia Eliza não possa lê-lo e passar, então, a levar mais a sério quando alguém disser aos quatro ventos que morre de amores por ela.
(Em memória de Guilherme Rosa Ibarraga, 15/11/1987 – 02/07/2010)
o texto tá quase bom. o tempo tá quase bom, a situação é muito boa, mas não deu muito tempo de se apaixonar pelo ibarraga. um pouquinho mais dele, talvez um detalhe cativante, deixaria mais tristeza no ar.
ResponderExcluiro começo ta um pouco confuso,
e a eliza é lesbica? ta confuso! se sim, isso é importante?^
não sei se é aquele tal comentário qu você esperava, mas o texto tá no quase.